9 de abr. de 2010

Maxroubada...

Os amigos de pedal GaryFischer (o genérico),Jonathan,Paulão,Bóia,Sílvio e ele,grande amigo Max,o cara que faz MTB e Speed pra valer (e comprou meu antigo canote) fizeram um rolezinho bem básico,tranquilo,perto de casa...Um negócio assim que todo mundo faz quase todo dia...

Aí o Paulão e Max me mandaram algumas fotos e o texto redigido cheio de tralalá pelo próprio Max (mas dei uma limada pq o troço tava gigantesco...rs),afinal ele foi o "cara" do rolê...

Fiquei sabendo que teve gente que chorou quando leu...Não sei se foi de tristeza,dó ou raiva....rs

Então senta,pega um copo e leia....Se quiser dar risada ou chorar,fique a vontade...
Aqui tá em linha reta só pra ilustrar...
Domingo dia 21/03/2010 pode ser considerado como o dia (até então) mais sinistro da minha curta carreira ciclística e agora conto a história.

Saindo de Campos do Jordão com destino a Piranguçu (estado de MG, por asfalto mais ou menos 100km de campos de jordão, por estrada de terra, 41 km) e descemos 13 km de downhill até Piranguçu.Lá começou a chover.

Tese defendida pelo Oswaldo (Gary Fisher) que não deveríamos voltar pedalando e sim procurarmos uma van para voltarmos (pois ele queria tomar cerveja e tava com preguiça de voltar na chuva), o mesmo resolveu ir procurar alguém que pudesse nos levar de volta. Ficou sabendo que ao lado do restaurante tinha um senhor que era motorista de van e poderia nos levar. Pouco tempo depois voltou com um velhinho com uma bacia em cima da cabeça que era usada como guarda-chuva olhando nossas bicicletas e dizendo que cabia todo mundo, 2 iriam meio apertados mas que era tranquilo. Como somente o Oswaldo queria ir de van e o resto não, o senhorzinho já percebendo que poderia perder o frete começou a fazer pressão psicológica do tipo: "mais tarde eu tenho compromisso viu?". Ele queria cobrar 200 reais e eu achei um preço razoável na verdade...Quando ele viu que não iríamos mesmo de van ele disse: "Não vou mesmo ganhar os meus 200 reais???"

Já quase 15 horas (ou mais), saímos com chuva e tudo (que parou pouco depois e até abriu um solzinho tímido), nos primeiros quilômetros já o primeiro sinal da maldição: um pneu furado. Consertamos rapidamente e voltamos a pedalar lembrando que os 13 km do downhill da vinda seriam 13 km de uphill na volta e mais a parte final do trajeto que NINGUEM ainda tinha feito e ninguem sabia o nível de dificuldade.
Só que o câmbio foi arrancado e a solução foi pegar a chave de corrente, tirar o cambio quebrado, colocar numa marcha somente e ir pedalando assim mesmo. Depois de várias tentativas do Johnatan e Oswaldo (que inclusive tirou 2 coroas pois segundo ele elas estavam fazendo com que a corrente mudasse de lugar), vimos que não ia adiantar nenhuma configuração de corrente. Conclusão: empurrar morro acima (lembrando que eram 13 km!!!!!) enquanto os colegas da frente iam até Campos e voltariam para nos resgatar. Isso era mais ou menos 15:30.

16 horas...17 horas...17:30...Os 13 km da subida parece que não iriam acabar nunca e a represa nunca ia chegar.

A estrada que outrora tinha alguns carros passando, neste dia resolveu ficar totalmente vazia! De vez em quando passava algum pequeno carro ou moto, mas nada de uma pickup, caminhonete , caminhão, nada...A cada barulho de motor vinha a idéia de uma caminhonete totalmente vazia atrás, prontinha para jogarmos as bikes e irmos de carona até Campos...Nada..O desespero e a "ilusão" auditiva chegaram ao cúmulo de eu ter certeza que o barulho do motor era de uma F-4000 quando na verdade era de um fusquinha bege 1976.
Empurra, olha pro chão, pensa na vida, pensa no velhinho rindo lá embaixo, empurra, sente a chuva cair nas costas e imagina se um dia conseguirá sair daquela situação...18 horas, quase escuro...finalmente a represa chega! Meu objetivo havia sido atingido.
Como não tinha ninguém lá mesmo, pra não perder tempo, viramos no caminho que seria o normal e continuei empurrando.Nesta hora, como haviam varias pequenas descidas e vários semi-planos, abaixei o selim para poder fazer tipo um "esqui-ciclistico" e ficava sentado batendo o pé pra pegar embalo e ainda fui empurrado pelos colegas que arriscavam levar um tombo naquelas estradas cheias de buracos com água de chuva e nem dava pra ver direito se eram fundos ou não.

Entre "esquiadas" e empurradas a noite caiu. A estrada que já não é movimentada, não tem muitos sítios a beira da estrada e está dentro de uma área de preservação densamente povoada de árvores altas virou uma selva. Em alguns momentos as árvores tampavam a lua que foi uma benção é ajudou a enxergar boa parte do trajeto. Estas árvores da serra da mantiqueira soltam um tipo de "cachecol marrom" que às vezes vc olhava pro chão e pensava que podia ser uma cobra enrolada (depois que me deparei com uma cascavel ali no urbanova, isso era mais do que possível). O negócio era rezar e ir andando o mais rápido e torcer para um farol vindo em sua direção ser dos seus amigos.

Nada de farol .... De vez em quando um vulto passa do lado e quando você vê é um cachorro! Leva um susto.Outra hora os vultos resolvem latir (pelo menos avisam).
Empurra...Empurra...Pensa que não vai sair daquela, mas pelo menos não está sozinho.20:30 da noite..."Será que eu vou conseguir ir trabalhar amanhã?" "Será que eu vou conseguir voltar pra casa?"

Max,o cara...

Praticamente quase chegando no asfalto, um farol que vem é finalmente o salvador! Nosso amigo Silvio finalmente chegou.Como quem foi na frente nao sabia a pancada que enfrentariam, eles também pegaram a estrada de São Bento a Campos , de noite, sem farol (uma das boas lições do dia) e sofreram muito para chegar lá.Eu , empurrando, estava menos de 2 horas de diferença deles.Sem acreditar muito que a salvação havia chegado, colocamos as bikes na caminhonete e fomos para Campos que nesta noite devia estar com 11 graus de temperatura, mais ou menos (de manhã , na vinda, estava com 15 graus).

Várias coisas aconteceram neste tempo todo mas se eu for escrever tudo, vira um livro. O que mais vale no final das contas é a amizade e companheirismo dos colegas que não deixam você sofrendo sozinho.
Gostaria de agradecer publicamente ao Johnatan e ao Bóia que estiveram ao meu lado o tempo inteiro, em alguns momentos até empurraram também pois , pedalar a 3 km/h não dá!Se não fosse por eles, quando escureceu, eu com certeza não iria ter coragem de continuar sozinho.
Abraços a todos!
Max.
Que roubada,Mister M de Max...
E o Max ainda avisou que no domingo seguinte correu de speed o 100k da Claro e no feriado de Páscoa fez uma cicloviagem entre SP e RJ de 160km...Não falei que ele é o cara???
Abs.

2 comentários:

Max Domingues disse...

Poxa vida, nunca imaginei que alguém pudesse chorar de tristeza ou de raiva lendo os meus textos.
De qualquer forma, vale saber que toda a epopéia transcrita em palavras tras sentimentos para alguém!
:)

Abraços

Max

Bike Blog SJC disse...

Rs...E o pior é que choraram mesmo quando leram...Max emocionando a platéia...rs
E o Cancellara hein...o cara tá com tudo...